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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Biblioteca em cima de uma bicicleta? É a bibliocicleta levando leitura para todos

Durante o VII Fórum de Discussão em Biblioteconomia, realizado no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), entre 3 e 5 de outubro, foi possível conhecer a ideia que surgiu com o objetivo de levar a leitura onde o leitor está.

Do desejo de um grupo de pessoas do município de Simões Filho, região metropolitana de Salvador, em 2009, uma biblioteca comunitária foi instalada na cidade, após a cessão de um espaço. Buscando desenvolver trabalhos voltados para o resgate da cultura do município e valorização das manifestações artísticas locais essa biblioteca nasceu e concretizou um sonho.

Foram duas semanas de sucesso com leituras, empréstimos, participação da cidade de Simões Filho. Uma campanha de doação de livros foi feita e chegaram vários ao lugar, abarrotando as prateleiras do espaço depois que amigos dos realizadores, colegas do trabalho, da faculdade deram a sua contribuição. Até que o dono do espaço pediu que ele fosse desocupado.

Então, Augusto Leal, na época, concluindo o curso de design na Escola de Belas Artes da UFBA, decidiu dar um destino justo a todos os livros doados e decidiu criar uma biblioteca itinerante. Dessa ideia ele começou a pesquisar seria qual o meio financeiramente adequado que pudesse andar e carregar livros. Ele pensou em caminhão, ônibus, animais. E a bicicleta foi a escolhida, pois Augusto tinha uma e decidiu que ela seria a melhor alternativa: além de barata “é um objeto lúdico. As crianças geralmente ficam em volta dela e mostram bastante entusiasmo pelo projeto, pelos livros por conta desse apelo visual que é a apresentação de uma bicicleta só que de outra forma, para outro fim, que não é só o de se locomover entre os espaços”. Assim nasceu a bibliocicleta.

O criador da bibliocicleta se mostra bastante entusiasmado e feliz com o projeto que em 2010 teve a sua importância reconhecida na mostra Novíssimos da III Bienal Brasileira de Design, em Curitiba. O Colóquio de Design Social, na Bahia, também prestigiou a criação e convidou Augusto Leal para palestrar e disseminar esta ideia que dá frutos. Apesar de Augusto contar que não há um acompanhamento em longo prazo com as pessoas para saber se elas continuam lendo depois que a bibliocicleta passa o objetivo principal do projeto é “despertar o interesse naquele momento”. E como muitos livros, gibis, revistas são doados, a leitura, juntamente com o seu desejo, não é passageira. Ela permanece nas pessoas e despertam posteriormente.

Apesar de todos os benefícios que a atitude de incentivo à leitura possa despertar em jovens de uma cidade com presença constante nas páginas policiais, Augusto conta que não recebe apoio financeiro para tocar a bibliocicleta. Financeiramente, até hoje, apenas o edital Ponto de Leitura contribuiu com o projeto e o dinheiro foi responsável pela compra de computador, projetor e cinco bicicletas. Mas como o forte da bibliocicleta são os livros, são as doações de amigos e parentes que ajudam na rotatividade dos exemplares doados. O único pedido que ele faz para quem recebe um é que depois de lido, ele seja dado para outra pessoa, para fazer circular o conhecimento.

Augusto Leal deseja mudar o município em que vive, e o Brasil também, através da leitura, e dá a dica “Quem tiver um sonho com essa pegada de contribuir com o desenvolvimento pessoal das pessoas, com a construção de um mundo melhor eu digo que acredite em suas ideias, acredite em suas ações, porque o projeto da bibliocicleta foi um sonho que eu tive com outras pessoas e que buscamos realizá-lo e hoje o efeito das alegrias, aprendizados, não tem nada no mundo que pague”.

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